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Foto: http://www.sintese.org.br |
Nove horas. Este é o tempo que os estudantes
matriculados na rede estadual de ensino, do estado de Sergipe, na modalidade de
Ensino Médio em Tempo Integral passam em seus colégios. As aulas iniciam às 07h
da manhã e terminam às 16h. E ao longo destas nove horas tudo que centenas de
jovens recebem para comer é apenas o almoço, que está distante de ser uma
refeição farta, saborosa e nutritiva.
No Centro de Excelência Manoel Messias
Feitosa, em Nossa Senhora da Glória, os estudantes vivem esta realidade, e um
pouco mais agravada, pois passam nove horas e meia na Unidade de ensino. Lá as
aulas começam às 07h:30 e terminam às 17h. No Manoel Messias Feitosa não há o
que comer pela manhã, quando tem algo, de modo geral, é broa ou maça, refeição
mesmo é raro. No período da tarde a situação é ainda pior. Nos poucos dias que
tem algo para comer pela manhã, se sobrar, o mesmo lanche é dado aos estudantes
à tarde.
Vale destacar que o Centro de Excelência Manoel
Messias Feitosa recebe estudantes vindos de várias cidades da região: Porto da
Folha, Graccho Cardoso, Poço Redondo, Monte Alegre e Canindé de São Francisco.
Muitos destes meninos e meninas estão de pé antes mesmo das cinco horas da
manhã para não correr o risco de chegarem atrasados. Caso estes estudantes não
tomem café da manhã antes de sair de suas casas, só irão comer ao meio dia, na
hora do almoço.
Diante deste cenário, a hora do almoço é um
momento esperado pelos estudantes, mas o almoço no Centro de Excelência Manoel
Messias Feitosa é uma grande decepção.
“Passamos 15 dias comendo carne moída. A
comida é sem sabor e sabemos que não é culpa das merendeiras que tentam fazer o
melhor. Faltam temperos para elas prepararem a comida. Ficamos uns dias sem
feijão. Salada nunca tem. Já aconteceu, algumas vezes, de não ter o almoço e
sermos liberados para ir para casa ao meio dia. É muito problemática a alimentação
aqui”, conta uma estudante do 1º ano do ensino médio em tempo integral*.
Com isso, alguns estudantes levam comida de
casa. Aqueles que têm um pouco mais de condição financeira optam por comer de
quentinha ou comem um lanche das barraquinhas que ficam em frente ao Colégio.
No dia em que representantes do SINTESE
estiveram Centro de Excelência Manoel Messias Feitosa, no final do mês de
junho, estava sendo preparado para o almoço dos estudantes peito de frango
cozido, macarrão e arroz. O tempero usado para os cinco quilos de peito de
frango preparados naquele dia foi apenas sal e duas cebolas. Antes da comida
ser servida aos estudantes, o diretor do Manoel Messias Feitosa, Sr. Pedro
Jonathan Santos Santana, pediu para que as representantes do SINTESE se retirassem
da unidade de ensino.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), do Mistério da Educação (MEC), diz que deve ser assegurado aos
estudantes matriculados em Tempo Integral, nas escolas da rede pública, três
refeições diárias.
Problemas estruturais
Além da alimentação escolar, os estudantes
Centro de Excelência Manoel Messias Feitosa sofrem com outros problemas
estruturais na Unidade de Ensino.
As salas são pequenas e as turmas têm em
média 40 alunos. A impressão ao entrarmos nas salas de aulas é que estão
superlotadas, pois não há espaço entre as cadeiras, os estudantes ficam bem
próximos uns dos outros.
Com isso, nos dias quentes (lembrando que
estamos falando de Nossa Senhora da Gloria, uma cidade localizada no alto
sertão de Sergipe), os estudantes dizem que as salas viram verdadeiros fornos.
As janelas são altas e a ventilação das salas
de aula é garantida por ventiladores fixos nas paredes. Em algumas salas a
função ‘giratória’ dos ventiladores não está funcionando, com isso o ventilador
‘joga vento’ apenas para um lado da sala. Há salas que os estudantes não podem
nem contar com ‘o vento para um lado só’ porque os ventiladores sequer funcionam.
Existe laboratório de química no Centro de
Excelência Manoel Messias Feitosa, mas, quando representantes do SINTESE
estiveram na Unidade de Ensino, o mesmo não estava funcionando, pois não havia
água no laboratório.
Também há um laboratório de informática, mas
não estava sendo usado porque o ar condicionado estava quebrado. Não há
condição de usar o espaço sem que o ar condicionado esteja funcionando. Mesmo
que o ar condicionado estivesse funcionando, há outro problema no laboratório
de informática, embora haja toda a aparelhagem, a conexão de internet não
funciona. Como isso, os computadores acabam se limitando a grandes máquinas de
calcular e escrever.
Embora o Centro de Excelência Manoel Messias
Feitosa, seja um Colégio de ensino médio em tempo integral desde 2006, a
unidade de ensino não conta com uma biblioteca. A informação que consta é que o
espaço onde era a antiga cozinha da Unidade de Ensino será limpo e lá serão
colocados os livros enviados pelo FNDE. Mas como o espaço da antiga cozinha não
é grande o suficiente para colocar as estantes com os livros e mesas com
cadeiras para os estudantes fazerem suas pesquisas e estudos, as mesas e
cadeiras para tais fins serão colocadas no pátio do Colégio.
Há pouco mais de um ano os estudantes contam
com armários para guardar seus pertences, mas o número é insuficiente. Ao todo
440 estudantes estão matriculados no Ensino Médio em Tempo Integral, mas o
Secretaria de Estado da Educação (SEED), enviou apenas 200 armários. Com isso,
os estudantes têm que dividir os armários entre eles. Alguns armários são
divididos por dois estudantes e outros por três.
Os problemas com a alimentação escolar e na
estrutura Centro de Excelência Manoel Messias Feitosa serão levados pelo
SINTESE, por meio de ofício, ao conhecimento do Ministério Público Estadual
(MPE/SE). Além disso, será enviado ofício também a Secretaria de Estado da
Educação (SEED) questionando a situação da Unidade de ensino e exigindo que
providências sejam tomadas.
Informações do Sindicato dos Trabalhadores em
Educação Básica do Estado de Sergipe (Site do SINTESE)
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